quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Ratto: "tem que ralar muito, nada cai do céu"

RODA DE CONVERSA DA AEGB

Roda de Conversa da AEGB . Goiânia, 25 de novembro/2015.
Ratto, com atletas, pais, professor e dirigente da AEGB,
no ginásio do Sesi Clube Ferreira Pacheco.

Foto: arquivo AEGB


É possível uma pessoa baixa e magra tornar-se um jogador de basquete de nível internacional? A resposta é sim. E é fácil? A resposta é não. Na verdade, não há fórmula mágica, mas dá pra dizer que uma regra é básica e fundamental: não se conquista nada sem sacrifício.

De modo geral foi esse o ensinamento do ex-jogador e durante 10 anos armador da Seleção Brasileira de Basquete, André Luis Guimarães Fonseca, mais conhecido como Ratto, que na noite de quarta-feira, 25, participou da Roda de Conversa da AEGB, no ginásio da equipe, no Sesi Clube Ferreira Pacheco, em Goiânia. Participaram da palestra cerca de 50 atletas das equipes de base da AEGB, pais e mães de atletas, o professor e técnico do time, Reid Duarte Júnior e o presidente da instituição, Cláudio Marques.


Ratto falou de suas conquistas como jogador em vários dos principais clubes brasileiros e pela Seleção Brasileira de Basquete (veja o perfil completo nesta reportagem). Depois, fez questão de frisar o difícil caminho percorrido por ele no início de sua carreira. “Tem que ralar muito, nada cai do céu”, enfatizou.

Ratto conta que em sua juventude treinava em uma quadra ruim, com tabela de madeira e que teve que ser criativo e insistente para desenvolver seu potencial. “À época, assisti o filme Rock 4, com Silvester Stallone que, como Rocky, no papel de lutador de boxe enfrentaria Drago, um lutador russo. Como não tinha a tecnologia em seu favor, Rocky treinava na neve e com outros instrumentos rústicos, e ganhou a luta”. Espelhando-se no filme, Ratto lembra que para adquirir força nas pernas, por exemplo, corria nos mangues e nas dunas de Salvador. Diariamente, ele acordava às 6 horas da manhã e ia treinar. “Tudo o que consegui foi porque tinha uma velocidade e uma condição física acima da média”, frisou.

“Tudo o que consegui foi porque tinha uma velocidade e uma condição física acima da média”

Segundo Ratto, para se chegar onde se pretende, “o importante é irmos ao nosso limite máximo. Eu sempre entrei na quadra e, do primeiro ao último minuto, dei o meu máximo”.
Ele ressaltou que cada um dos atletas da AEGB ali presentes, em tese, tem condições de conquistar espaços melhores no basquete. “Se eu, magro, baixo, da Bahia, cheguei à seleção, qualquer um aqui também pode, sou um exemplo vivo de que é possível”. Claro, para isso é preciso muita disciplina e aplicação. “Não dá pra ficar na balada e ser atleta, a vida é feita de escolhas”, ensina.


“o importante é irmos ao
nosso limite, dar o máximo de si"


Ratto ressalta que o fundamental para a evolução de um atleta é o treinamento. Como referencial, ele citou AirtonSenna, que foi o melhor corredor do mundo, sob chuva, “não apenas por dádiva de Deus, mas porque desde adolescente, ainda no Kart, ele treinava muito debaixo de chuva. Então na hora da corrida quem é que se dava bem?” – e responde: “O Senna, por ter treinado mais que os outros!”

Ratto lembrou de outro atleta exemplar, seu padrinho de casamento e o maior cestinha de todos os tempos, Oscar Schmidt. “Oscar não foi o Mão Santa só porque Deus quis, mas também porque ele treinava mil arremessos por dia”.

“Sofram um dia antes de cada jogo, pensem, imaginem as situações de cada partida, para ter tudo programado na hora do jogo”

Armador, Ratto enfatizou aos atletas da AEGB que jogam nessa função, a importância da concentração, antes de cada jogo. “Sofram um dia antes de cada jogo, pensem, imaginem as situações de cada partida, para ter tudo programado na hora do jogo”, reforçou. “O armador tem que ser o mais habilidoso, o mais inteligente, o mais esperto e o mais generoso”, frisou, ao ressaltar que uma das mais relevantes atribuições do armador é servir aos colegas de equipe. “Eu me sinto tão feliz em dar assistência, quanto me sinto feliz ao fazer uma cesta”.



Por fim, ele elencou alguns pressupostos para que o jogador de basquete possa ter êxito:


1º - Estudar. “É bom para o futuro e para o basquete, que é jogo para gente inteligente”.

2º - Treinar. “Mais do que os outros, com dedicação. É bom individualmente e coletivamente.

3º - Acreditar. “Em 2024, doze pessoas estarão nas olimpíadas. Por quê não pode ser um atleta da AEGB?”.

4º - Ter personalidade para decidir. “O errar e o acertar faz parte”.

5º - Nunca fugir da responsabilidade.

6º - Fazer com amor, fazer bem feito.



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Textos e fotos: Cláudio Marques (M.T.E. 1534)
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