quarta-feira, 11 de maio de 2011

XIV Marcha à Brasília em Defesa dos Municípios

Há muito considero e concordo com a ideia de que precisamos pensar no Planeta, globalmente. Desde, é claro, que não tiremos o pé de nosso chão. Refiro-me à importância de valorizar o local onde moramos, buscar convivência com os vizinhos (mesmo que a maioria tenha muros de até 4 metros ou grande parte more isolada do mundo real, em condomínios fechados), conhecer a nossa rua.

Não tem sido fácil essa construção. Pessoalmente, conheço poucos vizinhos, mesmo assim, sem muita convivência. Avalio que precisamos inverter essa lógica individualista da vida urbana, na cidade. O artigo abaixo, da amiga Marina Sant´Anna (publicado na edição do dia 07/05 do jornal O Popular), retrata um pouco do que significam os municípios, suas lutas e conquistas, neste momento em que mais de 4 mil prefeitos e prefeitas tomam conta de Brasília-DF, onde negociam com o governo federal a sua pauta de reivindicações. Boa leitura:


Cláudio Marques.



Valorizando o município

Por: Marina Sant´Anna
 
Antiga Estação Ferroviária de Goiânia: memória de nossa história.
Fonte: ecoviagem.uol.com.br
Dos entes federativos, é o município que materializa a nossa existência na relação com o Estado. No âmbito local, a população vive e se organiza, estuda, trabalha, deve exercer o direito à cidadania. É na cidade que o arcaico e o moderno se reproduzem. Na vida urbana e na vida rural, a cultura autoritária, patrimonialista e clientelista se choca com a vontade de construção de um tipo de cidade mais humana, participativa, promotora de decisões democráticas em todas as dimensões da vida (Daniel, Celso. 2002).


É histórica a vontade de construção de uma nova Federação, com ênfase no fortalecimento dos espaços local e regional. Essa nova cidade precisa ser inclusiva e ter a cooperação como princípio. Deve priorizar a esfera pública, ser arena de debate permanente sobre aspectos econômicos, sociais, culturais, ambientais e políticos. Requer transparência acerca de seus interesses e conflitos e a busca coletiva de construção de um novo desenvolvimento local.

A Constituição de 1988 e o Estatuto das Cidades são marcos legais nessa caminhada por uma distribuição mais equânime dos recursos e a concretização de um tipo de cidade sustentável, mais humana e solidária. A Carta Magna estabeleceu uma leve descentralização de recursos dentro do Pacto Federativo, mas precisa avançar. Já o Estatuto das Cidades ordenou o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. A lei garante o direito a cidades sustentáveis, estabelece a gestão democrática e define o planejamento do desenvolvimento das cidades. Ela estabelece a adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do município. E exige a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico.




jornaldaimprensa.com.br
 
Também são muitos os avanços que tivemos no País, especialmente a partir de 2003. O governo criou o Ministério das Cidades, instituiu conselhos, realizou conferências das cidades, criou o Comitê de Articulação Federativa. Além disso, fortaleceu mecanismos setoriais como as comissões tripartites, conselhos nacionais e convênios com entidades municipalistas. A nova lei dos consórcios públicos, o novo marco regulatório do saneamento, a criação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e o novo pacto de gestão da saúde fortaleceram institucionalmente os municípios.

O Executivo Federal e o Congresso, com o apoio de Estados e municípios, fizeram história ao aprovar o Fundeb que em 2011, de janeiro a março, teve repasse de R$ 11 bi contra R$ 8 bi em 2008. Os valores repassados para a merenda escolar aumentaram e o programa Transporte Escolar foi ampliado.
O Fundo de Participação dos Municípios teve expansão de 122% desde 2003. Os municípios também ampliaram a arrecadação própria. Somente com o Imposto Sobre Serviços (ISS), passaram de R$ 14,66 bilhões em 2003 para R$ 25,4 bilhões em 2009

A redução constante do índice de desigualdade mostra que a política de Desenvolvimento Social do País está no caminho. Ao longo de 2010, o Ministério do Desenvolvimento Social repassou aos municípios R$ 287,6 milhões para o programa Bolsa Família. Na saúde, a transferência de recursos cresceu 143%.

Apesar de tantas conquistas, os municípios precisam ser mais fortalecidos. Daí a importância de ações integradas de prefeitos, vereadores e população. Nesse sentido, a realização em Brasília, dias 10, 11 e 12 de maio, da 14ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios é mais um passo adiante nessa longa trajetória de luta. Estarão em pauta questões como o não cancelamento dos restos a pagar; encontro de contas da Previdência Social; a partilha dos royalties do petróleo, entre outras.


Presidenta Dilma Roussef, que recebeu os prefeitos de todo o Brasil.

De nossa parte, além de todas essas prementes questões, queremos debater o aumento brutal do consumo coletivo, problemas que envolvem o tratamento do lixo, a moradia, as redes de água, de esgoto, de eletricidade, o transporte público, as linhas telefônicas, o acesso à ciência e tecnologia, a acessibilidade, o uso excessivo do carro como meio de transporte, a alternativa da caminhada, a construção de ciclovias. O combate ao crack, as políticas públicas para a juventude, a participação da mulher no poder e no mercado de trabalho, as reformas agrária e urbana também compõem nosso leque de atuação parlamentar.

 Marina Sant´Anna é deputada federal (PT-GO)





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