sexta-feira, 20 de maio de 2011

“Eu não vou me adaptar, eu não vou me adaptar” - Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Quem se lembra do manicômio Adauto Botelho, em Goiânia, sabe do que trata esta faixa.
Foto: Cláudio Marques


“Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
(...) Eu não vou me adaptar”

O trecho da música de Arnaldo Antunes foi um dos motes de ato público do Fórum Goiano de Saúde Mental, no 18 de maio – Dia Nacional de Luta Antimanicomial, em Goiânia. A ideia era mostrar à sociedade a importância do respeito à diferença e do direito a um atendimento humanizado à pessoa que sofre de qualquer tipo de transtorno mental.


Batucada "Maluco Beleza", na Praça do Bandeirante.
Parabéns à parte da imprensa que fez a cobertura do ato.
Foto: Cláudio Marques.
 
Usuários, familiares, profissionais dos centros de atendimento psicossocial (CAPS), se reuniram logo cedo na Praça do Bandeirante (foto). Em caminhada, percorreram as avenidas Anhanguera, rua 8 (do lazer), rua 3 e avenida Tocantins, até a Praça Cívica e retornaram ao local de origem. Ao som de "Maluco Beleza", composição de Cláudio Roberto e Raul Seixas, espécie de hino do movimento, portando faixas e cartazes, usuários soltavam a voz e, ao microfone, defendiam o atendimento nos CAPS. Uma batucada formada por usuários e profissionais despertava a atenção de todos.

A deputada federal Marina Sant'Anna, tocando chocalho com o usuário Humberto
Alves dos Santos: "eletrochoque, nunca mais, agora sou bem atendido no CAPS Novo Mundo".
Foto: Cláudio Marques

Deputado Estadual Mauro Rubem, da Comissão de Direitos Humanos
da Assembleia Legislativa nos chama à refletir: "Quem é 100% normal?"
Foto: Cláudio Marques

O ato teve o apoio oficial da Secretaria de Saúde de Goiânia. A deputada federal Marina Sant’Anna e o deputado estadual Mauro Rubem, ambos do PT goiano, também participaram e apoiaram a manifestação (fotos). A coordenadora da Divisão de Saúde Mental da Prefeitura de Goiânia, psicóloga Heloíza Massanaro, enfatizou a importância de ter a sociedade em geral como aliada desta luta. Segundo ela, não se pode permitir mais, em pleno terceiro milênio, o atendimento em manicômios e o uso de métodos como o eletro-choque para o tratamento de transtornos mentais. Os adeptos do atendimento humanizado afirmam que na maioria absoluta dos casos é possível atender o paciente em um CAPS, sem romper o seu vínculo familiar.

Psicóloga e coordenadora da Divisão de Saúde Mental da Prefeitura
de Goiânia, Heloíza Massanaro: emoção ao ler homenagem à amiga e uma das coordenadoras
do Forum Goiano de Saúde Mental, Deusdet Martins, que por motivo de saúde não pode participar do ato.
Foto: Cláudio Marques

A deputada Marina Sant’Anna divulgou um manifesto no qual afirmou que após anos de luta, “fruto da lista histórica de usuários, familiares, profissionais, entidades e organizações como os fóruns nacional e regionais da luta antimanicomial”, pode-se afirmar que mudou positivamente o cenário da saúde mental no país. “O direito à saúde mental, hoje, é questão de cidadania”, ressaltou.

Especialistas reconhecem que usuários e familiares, atualmente, são sujeitos da construção dos modos de cuidado e autonomia. Marina Sant’Anna concorda com o psiquiatra Pedro Gabriel Delgado. Ele avalia que “este protagonismo e autonomia precisam avançar na política e na clínica”.



Deusdet Martins (a segunda da esquerda para a direita),
um dos ícones da luta antimanicomial, com amigos.
Foto: arquivo CRP-09
No documento, Marina também homenageou a psicóloga Deusdet Martins (foto acima), um dos ícones da luta antimanicomial. Ela enalteceu também o compromisso do secretário de saúde, Elias Rassi, com a causa.

* Texto publicado no site da deputada federal Marina Sant'Anna, disponível em http://marinasantanna.com/2011/05/19/marina-participa-de-ato-no-dia-nacional-de-luta-antimanicomial/


Acesse à galeria de fotos no meu Facebook:

Serviço
Unidades de atendimento em saúde mental em Goiânia:
§  CAPS Vida / 62 3524 1650
§  CAPS Beija-Flor / 62 3524 1646
§  CAPS Esperança / 62 3597 2214
§  CAPS Novo Mundo / 62 3524 18 02
§  CAPS Girassol / 62 3524 24 89
§  CAPS Água Viva / 62 3524 17 39
§  Divisão de Saúde Mental / 62 3524 1556
§  Ambulatório / 62 3524 1694
§  Pronto Socorro Wassily Chuc / 62 3524 8289 / 62 3524 8288


Outros municípios em Goiás

§  CAPS Reviver – Águas Lindas / 61 3618 8340
§  CAPS Vida Ativa – Anápolis / 62 3388 2057
§  CAPS Viver – Álcool e Drogas / Anápolis / 62 3902 1299
§  CAPS Crescer – Anápólis / 62 3902 1076 / 3311 2158
§  CAPS Bem-me-quer – CAPS II – Aparecida de Goiânia / 62 3545 5969
§  CAPS José Evangelista da Rocha – CAPS I – Catalão /  64 3441 1813
§  CAPS II – Caldas Novas / 64 3454 6840
§  CAPS II – Formosa / 61 3981 1130 / 3432 2063
§  CAPS I – Cidade de Goiás / 62 3371 7023
§  CISME – CAPS I – Itumbiara / 64 3404 1388
§  Núcleo de Saúde Mental – CAPS II – Jataí / 64 3636 1067
§  CAPS I – Mineiros / 64 3661 2661
§  CAPS I – Niquelândia / 62 3959 7079
§  CAPS Bem Viver – Padre Bernardo / 61 3633 1803 (orelhão)
§  CAPS Eurípedes Barsanulfo – Palmelo – 64 3694 1456 / 3694 1334
§  CAPS II – Rio Verde / 64 3620 2111
§  CAPS I – Quirinópolis / 64 3651 8829
§  CAPS Coração de Mãe – Trindade / 62 3506 7099 / 9116 6427
§  CAPS Viver – Álcool e Drogas – Trindade / 62 3506 7058
§  CAPS I – Aragarças / 64 3638 7000
§  CAPS II – Luziânia / 61 3622 1826
§  CAPS I – Porangatu / 62 3362 5021


Informações:
Forum Goiano de Saúde Mental – Av. T-2, nº 803 – Setor Bueno – Goiânia/GO.

9 comentários:

  1. O filme Passageiros de segunda classe, de Luiz Eduardo Jorge mostra como era o tratamento recebido pelos internos do Adalto Botelho. http://www.youtube.com/watch?v=eEp_3E6Tpz4
    http://www.youtube.com/watch?v=N3XwMVVIers&feature=related

    ResponderExcluir
  2. Oi, Diene, sua indicação completou a minha matéria. Assisti agora cedinho mesmo (eram 7h40min, do sábado, 21/05). Eu conhecia o filme, mas foi importante ver de novo. Que história triste a do manicômio Adauto Botelho. Os eletrochoques são terríveis de ver. E pensar que ainda há profissionais que o indicam como tratamento.

    ResponderExcluir
  3. Aqui em Anápolis não houve nenhuma manifestação, o que é lamentável, pois no CAPS de Anápolis falta profissionais e o espaço é pequeno. A lista de espera por atendimento é enorme.

    ResponderExcluir
  4. Oi, Nara, obrigado pelo comentário. Sou solidário à luta pela melhoria do sistema como um todo. Me informe o seu email (o meu é cerradaniablog@gmail.com) que eu lhe mandarei sempre notícias.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  5. Otima iniciativa rapaziada...
    Sucesso e prosperidade !!

    ResponderExcluir
  6. Parabéns! Ficou muito bonita a postagem do dia 18 de maio. Muito legal colocar os contatos e endereços dos CAPS.

    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Obrigado, Glauber. Obrigado minha querida Cida. Fico honrado de poder democratizar informações e imagens que a outra mídia nem sempre divulga. Um outro mundo é possível e já acontece no Brasil e em muitos lugares do nosso Planeta Azul. Quiçá avancemos cada vez mais e mais.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  8. O filme sugerido por Diene (primeiro comentário postado aqui) vale ser assistido e reassistido por todos os que se interessam pelos direitos humanos.Nenhum animal, especialmente bicho-homem, merece o tratamento que era dado às pessoas no Adauto Botelho que, seguramente, nunca foi um exemplo isolado.
    Parabéns, Cláudio, pelo seu trabalho sincero e tão bonito.

    ResponderExcluir
  9. Olá Claudio,

    Viva a iniciativa! Parabéns a todos os apoiadores! Muito bom seu trabalho de divulgação a colocação dos contatos e endereços dos CAPS foi ainda melhor! Sucesso e grd Abç! Márcia Sahb

    ResponderExcluir