sexta-feira, 10 de junho de 2011

EXCLUSIVA/Fabiano Huber: Arbitro gaúcho de coração goiano é destaque na NBB

Por: Cláudio Marques
Fabiano Huber, árbitro da Confederação Brasileira de Basquete.



Cerradania tem divulgado muito do basquete goiano. Sempre com destaque para os jogos e o desempenho dos atletas, a razão de ser deste esporte. Mas existe um profissional imprescindível, desvalorizado ou incompreendido por muita gente. Refiro-me ao árbitro. Responsável por disciplinar os jogos, controlar o ânimo de atletas, saber ouvir palavrões de torcedores mais afoitos. Apitando direitinho, permite que o resultado do espetáculo seja fruto exclusivo da capacidade técnica de cada equipe. Quando vai mal, é um “Deus nos acuda”. Provoca a ira dos prejudicados.
No basquete goiano desponta um jovem árbitro. Gaúcho, de Uruguaiana e goiano de coração (“aqui me casei”), Fabiano Huber é destaque da Liga Nacional de Basquete. Em 2011, apitou nada menos que 23 jogos das maiores feras da NBB. Chegou a essa condição após apenas quatro anos de carreira (mora a sete em Goiás). Gentil e educado, parece não permitir que o sucesso (essa coisa efêmera) suba-lhe à cabeça. Faz questão de afirmar que ralou muito até chegar aonde chegou, apitando jogos até de graça. Para ele, que sucesso mesmo será “ver outros árbitros se formarem” em nosso Cerrado goiano e ocuparem espaço na vitrine que é a NBB. Seu sonho: apitar uma olimpíada. Impossível? Para esse jovem dedicado e humilde, parece que não. Às vésperas das finais da Copa Sesc (que serão apitadas por ele e pelos colegas Diogo Leônidas, Marcio Silva e Juliano Huber), Cerradania publica mais essa entrevista exclusiva*. Boa leitura.

Cláudio Marques.

 
EXCLUSIVA
Fabiano Huber, árbitro da CBB.

Foto: Cláudio Marques
Cerradania: Fabiano, o quê você traz de mais relevante de sua experiência em jogos da NBB?
Fabiano Huber: Trago a experiência de 23 jogos da Liga Nacional de Basquete (NBB). É um campeonato difícil e que pela primeira vez tem um árbitro goiano participando. Essa experiência eu tento passar nos jogos de torneios e campeonatos daqui de Goiás, como é o caso da Copa Sesc e o campeonato Universitário, realizados neste primeiro semestre no Estado.
Cerradania: Você torce pelos seus colegas?
Claro. Tento passar o que aprendi para os outros árbitros, pra ver se em um período curto a gente consegue ter mais árbitros apitando pela Liga Nacional, para o basquete e a arbitragem de Goiás crescerem. Esse é o intuito, não é só eu despontar. Tenho trazido atualização de regras, controle de jogo, etc. E é nesses jogos do mini, mirim, infantil que a gente conversa e os nossos colegas de trabalho vão melhorando também.

Fabiano Huber (2º da direita para a esquerda) com
os colegas de arbitragem e o representante do SESC-GO:
"Tento passar o que aprendi para ver se a gente
consegue ter mais árbitros goianos apitando a Liga Nacional".
Foto: Cláudio Marques

Cerradania: Há quantos anos você apita?
Fabiano Huber: Comecei a apitar com 22 anos. Tenho atualmente 26 anos. São quatro anos apitando.
Cerradania: Como foi o processo, que dificuldades você passou até chegar onde está, ou seja, apitando jogos da NBB?
Fabiano Huber: Foi duro. Comecei a apitar como estagiário. Não existia a federação (de árbitros) ainda. Então a gente apitava qualquer joguinho. Eu apitei muito para o Paulo (Perine) da AEGB, na época AABB. Apitei muito de graça. Apitei uns quinhentos, seiscentos jogos até chegar onde eu cheguei. Aí fiz uma prova para o nacional, no Rio de Janeiro. Passei com nota 9,2, a melhor da clínica. Aí apitei a final do feminino e cheguei na NBB, onde apitei 23 jogos esse ano. 

Fabiano Huber, 1º à esquerda: "Apitei muitos jogos para as categorias de base, inclusive
para a AEGB, na época AABB, a pedido do Paulo (Perine, vice-presidente da AEGB).
Apitei uns quinhentos jogos até chegar aonde cheguei".
Foto: Cláudio Marques

Cerradania: Dos 23 jogos, qual você considera o mais importante para a sua carreira?
Fabiano Huber: Eu considero cinco jogos. O primeiro foi Uberlândia e Minas, que é um clássico mineiro. Foi tranqüilo o jogo. Trabalhei no clássico do Espírito Santo, Vitória versus Vila Velha. Trabalhei na partida entre Franca e Flamengo, um jogão, que terminou com uma diferença de dois pontos. E trabalhei no Pinheiros e Franca, que decidiu as colocações de cada classificado para as semi-finais. Então Franca era quarto, ganhou de 18 pontos e foi para o primeiro. Foi bem marcante e muito difícil apitar em Franca, um berço do basquete nacional.
 
Estevam encara a marcação
de Márcio Cipriano no duelo entre
Uberlândia e Brasília. Atento, o árbitro
Fabiano Huber os observa.
Foto: Valter de Paula/Divulgação
Cerradania: Agora só no ano que vem?
Fabiano Huber: Sim, só no ano que vem, porque semi-final e final (a entrevista foi realizada antes) só trabalha arbitragem internacional. Eu não tenho essa titulação ainda, pois até agora, desde que eu apito pela CBB não foi realizada nenhuma clinica para (árbitro) internacional. E aí eu preciso de uma indicação da CBB pra eu poder fazer a clínica.  
Cerradania: Qual é o seu principal objetivo?
Fabiano Huber: Meu objetivo é apitar uma olimpíada.
Cerradania: A sua participação como árbitro da CBB está consolidada? É importante você continuar se qualificando?
Fabiano Huber: Eu acho que está consolidada, mas eu preciso estar sempre me qualificando. Eu preciso ter mais experiência. Ainda falta experiência em certos momentos dos jogos. Até por isso na semi-final e final não apita árbitro nacional, só internacional.
Cerradania: Para ser árbitro internacional é necessário saber falar inglês. Você está estudando?
Fabiano Huber: Estou. E é preciso falar fluentemente. Até porque você vai apitar com um árbitro inglês, um jamaicano, enfim, de vários países. E a língua que a FIBA (sigla para Federação Internacional de Basquete Amador) adota é o inglês, que é indispensável para você se tornar árbitro internacional.
Fabiano Huber/GO, com os colegas Sérgio Pranchevicius/SP
e Joaquim Feitosa/DF. "Foi o meu primeiro jogo no NBB, Assis versus Minas".
Foto: arquivo Fabiano Huber.

Cerradania: Tem pessoas que quando chegam ao topo às vezes esquecem a sua origem. Você é diferente. Mostra que tem compromisso com a sua origem. Isso é importante pra você?
Fabiano Huber: Isso é importante. Eu penso assim: eu comecei aqui. Eu sou gaúcho, mas eu consegui tudo por Goiás, então eu represento Goiás. Se eu fosse outra pessoa eu não estaria apitando Copa Sesc, por R$ 10, 00 (por jogo). Então, a gente não pode esquecer as nossas origens. Até porque eu não sou ninguém ainda. Fui em 23 jogos, mas ano que vem terei que ir bem em um jogo, bem no outro jogo, então eu acho importante nunca esquecer de onde você veio.
Cerradania: Boa sorte na sua carreira.
Fabiano Huber: Obrigado.

PERFIL
O árbitro e o apito. Sonho do tamanho
de uma olimpíada.
Foto: Cláudio Marques
Nome? Fabiano Huber
Nascimento? 10 de abril de 1985 (tem 26 anos)
Naturalidade? Uruguaiana-RS
Estado civil? casado com Gabriela de Sales (árbitra)
Pai? Milton Huber
Mãe? Júlia Huber
Irmãos? Milton Huber Júnior e Juliano Huber
Formação? Ensino médio
Livro de cabeceira? Bíblia
Filme? A origem (do diretor Christopher Nolan)
Um árbitro? Cristiano Maranho (apitou a final  do Mundial entre E.U.A X Turquia)
Um jogador? Oscar Schimidt (maior pontuador brasileiro de todos os tempos).
Rio Grande do Sul? "O começo de tudo na minha vida".
Goiás? “Muito bom. Aqui eu me casei com a Gabriela” (risos)
Jogos internacionais: Pan Americano Universitário (Salvador-BA, junho de 2010)
Jogos nacionais: NBB, Final da Liga Feminina Nacional, 12 campeonados brasileiros de categorias de base.
Um sonho: apitar uma olimpíada.

* Entrevista concedida no ginásio do Sesc Cidadania, após um dos jogos da Copa Sesc, dia 15 de maio/2011.

Complete você mesmo esta matéria...
Cerradania não poderia deixar de fazer citar alguns árbitros que fizeram carreira em Goiás. Entre eles, Valentim, Adelson, Antônio Pereira e vários outros que contribuíram (e contribuem!) com a história do basquete goiano e de algum modo são referência para a nova geração de árbitros. Se você conhece algum deles, nos ajude a completar esta matéria. No espaço reservado aos comentários, informe o nome do árbitro, quando atuou, enfim, o que tiver de informações sobre a história. Este blog, é seu.

Cláudio Marques Duarte
62  8543 3293
Twitter: @claudio_mduarte
Facebook: claudiomduarte

7 comentários:

  1. Matheus Abrão --- #1811 de junho de 2011 às 03:25

    dos árbitros que você citou no final, eu só conheço o Valentim, e o máximo que eu sei é que ele apitou lá na Copa AVAB-GO

    e tem um pequeno erro na entrevista, Cláudio, você pôs que o Fabiano tem um irmão de mesmo nome.
    o irmão chama Juliano eu acho e, senão me engano, é árbitro também.

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  2. Olá, Matheus Abrão, muito obrigado pela contribuição. Você tem razão, o nome correto do irmão dele é mesmo Juliano e é mesmo árbitro - aliás, como citei no começo da matéria o Juliano também estará apitando as finais da Copa Sesc. Valeu e excelente jogo neste domingo (12/06). Aliás, o presente que vc pode dar aos enamorados Gilberto e Marta é jogar com a sua raça e a sua técnica 100%. Fazer o melhor. O resultado será fruto de trabalho coletivo. Mas se todos derem o máximo, colherão o melhor fruto.

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  3. Posto aqui o comentário do amigo José Marcos (ele postou no Facebook), que foi um dos grandes jogadores jogadores dos áureos tempos do basquete em Goiás - ele atuou pelo Jóquei Clube de Goiás, Seleção Goiana e outros. Segue o comentário:
    "Jose Marcos Oi Cláudio, lembro muito bem do Tutu Barào. Gente fina. Outros arbitros que recordo: o Carlinhos Valentin, Otima pessoa. O tonháo que depois passou a ser árbitro da FIFA. O Borá, kkkkk. Conheceu este? O Luiz Carlos do Ajax. O maçá, figuraça, que hoje mora nos Estados Unidos. Abraços. José Marcos"

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  4. Posto também comentário feito no Facebook pela amiga Cynthia Teixeira: "Oi Cláudio, lembro muito bem do Tutu Barào. Gente fina. Outros arbitros que recordo: o Carlinhos Valentin, Otima pessoa. O tonháo que depois passou a ser árbitro da FIFA. O Borá, kkkkk. Conheceu este? O Luiz Carlos do Ajax. O maçá, figuraça, que hoje mora nos Estados Unidos. Abraços."

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  5. Legal ter um árbitro da Liga Nacional de Basquete apitando os jogos daqui (ou deveria dizer que é legal ter um árbitro daqui na Liga Nacional?). Bem, de todo jeito é muito bom ter a participação do Fabiano Huber nos jogos, principalmente no caso dos atletas crianças, porque ele é sempre muito ponderado, justo, tranqüilo e educado. Parabéns ao Fabiano e felicidade pra nós.

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  6. Gostei muito da entrevista mas sou meio suspeito para falar do fabiano pois o conheço a 26 anos e o admiro primeiro por seu meu irmão e segundo estou muito orgulhoso dele pois lutou muito para chegar aonde esta e ainda ira mais longe e tambem n posso me esquecer q sendo um otimo professor e tento me espelhar muito nele pois ja tem uma grande experiencia como arbitro e sempre q pode passa n so para mim mas para a arbitragem num todo experiencias as quais passou e ainda passa felicidade um abraço

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  7. É com certeza esse menino vai longe,com todo esse talento e dedicação. É um marco para Goias ter um arbitro que esta representando em ambito nacional a arbitragem goiana, esse menino ja é GOIANO...rsrrsrs com o pé rachado... Mas é uma pessoa abençoada por Deus, sinto muito orgulho e me sinto honrada de ser a sua esposa!!! Sucesso na sua carreira...Abraço

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