quinta-feira, 17 de março de 2011

Selva de Pedras e a tardia investigação das obras no Goiânia 2, às margens do Ribeirão João Leite

Não entendo porque somente agora a Delegacia do Meio Ambiente, CREA-GO e a Polícia Técnico-Científica investigam legalidade de mega-construções às margens do Ribeirão João Leite (foto), no Goiânia 2, aliás, bairro onde moro há quase 14 anos.


Ribeirão João Leite.

Muito antes de as obras começarem, não apenas a Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Goiânia mas ambientalistas e moradores da região, já demonstravam preocupação, já que a informação de que alí se constituía uma área a ser preservada.

Porém, ficou claro que as empreiteiras conquistaram os principais apoios, dos Poderes Públicos, de vereadores, deputados estaduais e federais. Sem resistência, já construíram muito e pelo jeito não vão parar.

Sou leigo no assunto, mas o que circula a respeito é que tudo ali é área de várzea. Um dos empreendimentos, onde já há casas construídas há uns dois ou três anos, foi feito com muita dificuldade. Os postes, para firmarem, teriam 'sapatas gigantes' (o termo técnico é este?), pois minava água no local.

O fato a antiga novela Selva de Pedra nunca esteve tão atual. É nisso que Goiânia poderá se transformar, numa selva de pedras?



São Paulo caberá em Goiânia? Goiânia será a nova Selva de Pedras?


Cláudio Marques.



Abaixo, cópia de matéria a partir de original publicada no jornal O Popular de 17/03/2011:

Delegacia investiga obra próxima ao João Leite
Relatório assinado por especialistas da associação de geógrafos brasileiros afirma que área é protegida pelo plano diretor de Goiânia
Malu Longo
Representantes da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-GO) e da Polícia Técnico Científica estiveram ontem numa área da Avenida Pedro Paulo de Souza, Setor Goiânia 2, em Goiânia, para checar denúncia da Associação de Geógrafos Brasileiros - Seção Goiânia sobre o aterramento e construção de edifícios numa área de várzea e de nascentes, protegidas pelo Código Florestal e pelo Plano Diretor de Goiânia. Relatório técnico assinado por três profissionais, dois deles professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostra que o terreno se encontra na Classe de Vulnerabilidade de Risco 1 dentro da Carta de Risco de Goiânia, que data de 2008.
"Em tese, esta é uma área de preservação permanente, portanto não pode receber construções", comentou o titular da Dema, Luziano Carvalho. O delegado solicitou um estudo ao Crea. Ontem, a engenheira ambiental do conselho, Viviane Vaz Monteiro, esteve no canteiro de obras dentro da área para identificar os profissionais responsáveis pelas várias etapas da edificação.
Localizada na confluência do Ribeirão João Leite e do Rio Meia Ponte, a área superior a 29 mil metros quadrados, dividida em três terrenos, está sendo aterrada há meses. Segundo informações da fiscal do Crea, serão erguidos no local 27 torres de 15 andares cada um. Neste momento, estão em fase de edificação as nove torres do terreno 3. "A água está minando. A cerca do canteiro de obras está dentro da água", comentou o delegado Luziano Carvalho. O relatório da AGB detalha que o terreno é uma planífice do Rio Meia Ponte e dos Ribeirões Anicuns, Capivara, João Leite e outros pequenos córregos. "Como área de solos úmidos, as intervenções para construção civil, em geral, implantam sistemas de drenagem que podem alterar completamente o equilíbrio ambiental e prejudicar o micro sistema de flora e fauna e, consequentemente, o micro-clima do local", diz o relatório assinado pelos professores Ubiratan Francisco de Oliveira, Manoel Calaça e Heleno Ferreira.

Empresa diz que tem autorização
Carla Borges
Em nota enviada ao POPULAR, a empresa Brookfield Incorporações informou que possui autorização prévia da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (Amma) para o empreendimento que está em construção no Setor Goiânia 2, formado por 9 torres de 15 andares cada. Os apartamentos do Residencial Felicitá, de dois e três quartos, estão à venda.
A incorporadora explicou que para os outros dois terrenos ainda não há nada programado. Segundo a Brookfield, o alvará de construção foi expedido pela Prefeitura de Goiânia no dia 30 de setembro do ano passado e a autorização prévia, pela Amma, em 9 de novembro.
A diretora de Gestão Ambiental da Amma, Celma Alves, explicou há três tipos de licenciamento ambiental: a autorização prévia, a autorização de instalação e a autorização para operação. "Em um empreendimento como esse, a licença prévia é para ver o escopo geral do que virá a ser, a parte conceitual. Já para receber a licença de construção, é preciso seguir algumas diretrizes, normas e leis", esclarece.
Segundo a diretora da Amma, há um processo da Brookfield Incorporadora aguardando solução de pendências no Setor de Protocolo e Arquivo da agência, mas ela não soube precisar a qual dos terrenos do Goiânia 2 ele pertence. "Nesse caso específico, a Amma não concedeu a licença e aguarda a apresentação de mais documentos".
Em relação ao empreendimento autorizado, a incorporadora informa que tomou a iniciativa de requerer à Amma a aprovação de um Plano de Controle Ambiental (PCA), "dada a importância da preservação ambiental para a empresa". Em relação à vistoria realizada pela Delegacia do Meio Ambiente, a Brookfield informa que aguardará a divulgação do relatório do Crea e da Superintendência da Polícia Técnico-Científica para prestar os esclarecimentos que venham a ser solicitados.

Foto Ribeirão João Leite:  acquaridecerrado.blig.ig.com.br
Foto de São Paulo: maurisilvestre.wordpress.com

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